Por do sol no pontal.

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quinta-feira, 26 de março de 2009

Robinsons

Somos os Robinsons presos na modernidade dos nossos dias, nas ilhas privadas das residências cercadas por muros, grades e imensa individualidade.
Naufragamos em um mar de ambiguidades, um certo ar de fragilidade que desvanece os sentimentos de liberdade, que enfraquece a comum verdade, entorpece a mente refletindo parâmetros das classes hábeis ... faces maleavéis a incorporarem máscaras e pinturas laváveis ... se desfazem os sonhos na labuta tributada, na impura lealdade dos homens, na escura tonalidade das vestes magistrais ... papais ... patriarcais.
Mas pensando com maior clareza, temos mais a putrefa silhueta do servo de todas as feiras, que salvos da morte eminente curvam-se aos pés dos senhores sem ventre, incorporando mandamentos ausentes, intensificando a mais valiosa riqueza, mas perdendo-se na mais intensa pobreza ... a realeza sorri diante a nossa ingénua e dócil presença, frente a nossa sempre pronta presteza ... pois perpetuamos os poderes de nossos amos em troca de um bocado de pão e pano, um trocado mal dado que mal consegue alimentar e vestir os corpos aprisionados.
Por fim, nos vejo mais como escravos enclausurados em um novo espetáculo ... espaços não tomados, seres dilacerados a buscar partes de si mesmos na praticidade de uma cidade, urbanidade cerceada da vida, humanidade escondida em uma pilha de gente sem dente, que numa trilha infinita busca os remédios que lhes apaguem as feridas, que lhes confortem o ser, que lhes satisfaçam o querer.
Mal sabemos a direção do sol poente, um nascente ente; que se apresente a rebeldia perdida, pois esta é a única forma de entornarmos o carro dos tempos em favor de nossos sentimentos, em favor dos que de fome estão morrendo ... pavor dos reis e seus segmentos ... tambor marcando um compasso lento ... vento soprando em um sentido contrário ... anti-horário momento remetendo-nos a desconstrução das ilhas e a formação de vertentes paradisiácas ... não bíblicas ... não tisicas ... não míticas.
Basta desta sonolência secular, destas castas regulares ... falta de verdades, que dominam nossos filhos, que perpetuam sacrifícios, ofícios e princípios geradores de principicios, fomentadores de genocídios ... suicidios íntimos nos íntimos pensamentos ... libertem-se seres ausentes, plásticos viventes.
s.d.

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