Despejo os lastros por sobre a murada da cidade, surge a imagem de nossa fragilidade. Enquanto isso a água invade, transborda os limites da tolerância, traz em seu meio pestes e outras doenças.
O cidadão perde a sua morada, ganhando em seu lugar um afluente de lama aguada. Móveis, roupas e outros afins, se vão boiando pela correnteza ... pela avareza da nobreza.
A culpa é das chuvas, das fortes chuvas que resolveram cair ... trair a inoperância dos governantes, dos farsantes eleitos pelos que padecem em seus leitos.
O voto útil torneou-se inútil, pois as balas daquele fuzil erraram a fera e foram cravar-se em várias favelas. Acendem velas para clarear as trevas, pobre luz a lutar uma perdida guerra.
Ferida não exposta à visão, fratura imposta. A pobreza não tem certeza, a riqueza se faz de dona de nossas cabeças. Como gado a caminho do matadouro, rumamos em nossa ignorância para a total submissão. Vai a massa flácida escorrendo pelo ralo das ambições, se vai a massa falida mamar nas tetas da escravidão.
Um país sem berço, um país que insiste em rezar o terço ... um quarto de despejo .... um quinto dos infernos ... um sexto sem sentido!
Feb.26.91
quinta-feira, 19 de março de 2009
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