Planar por sobre este céu cinzento, os eternos abutres, embustes de nossa fragilidade, de nossa cidade. Voar por prédios e fios, médios infinitos, esqueléticos meninos. Apregoam a guerra e a farsa-comédia, nossa era, que merda!
Lutar, brigar; de que adianta pois é podre este lugar ... altar dos sacrifícios diários, ouvidos por todo o lado, malditos emissários. Faz-se parte, faz-se arte, um mundo aparte, um culto a Marte, a morte, ao norte.
Vejo e sinto que ainda existo, um misto de rebeldia e apatia, de mágica e tirania; minhas mãos vazias, minha vida vadia, luzes de uma moradia, pátria sem nenhuma saída, lágrimas não sentidas, não vividas.
São negros os olhos do carrasco, são teus os punhos sem laços, os lábios beijados ao acaso, o vulto que persegue o meu espaço. Pasmo em sentir saudade, tua falta me traz ansiedade, me aproxima da maldade. Sufoco meus gritos, meus instintos carnívoros, meu fosco brilho ... não, não mais suporto esta ilha sem ilusões, esta vida sem paixão, sem o teu coração; amo a minha imensidão.
FEV.01.90
sábado, 14 de março de 2009
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