Por do sol no pontal.

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quinta-feira, 19 de março de 2009

Nunca mais!

Assumo um ar de bravo, grito a todo pulmão tudo o que não é necessário, me finjo de otário. Sento no alpendre vazio mirando um mar imaginário, um lago, um estuário.

Velejo em um barco sem velas, rumando a um abismo sincero; crio alegrias e tristezas nas pontas de uma esfera, nas guerras internas ... garras em minha matéria.

O alvoroço se espalha, o calabouço se espalha; espelham a angústia, a tristeza ... a vida presa nas palavras avessas; acesas.

Rio de mim mesmo quando olho meus tornozelos, meus desajeitos ... defeitos. Volto a recontar-me uma história, uma pobre escola carregada em uma sacola. A hora ... a hora passa sem deixar vestígios, sem os medos do destino.

O dia ... o dia arregaça as suas mangas no labutar sem sentido, no lutar por um pouco de grana; ao acordar me deito na grama. Dramas em um sisudo amanhecer, esqueço das coisas elementares e vejo páginas devorarem imagens, paisagens, felicidades.

As igualdades são utopias falidas, feridas que nunca cicatrizam; que no tempo da noite ironizam os esquemas sociais ... dilemas que nos fazem tanto mal.

Isso tudo é real, é realmente real. Pode não ser natural, mas o homem à tanto abandonou a si mesmo, que um simples adereço vale mais que as sombras esquecidas no cais ... nunca mais!
dec.07.90

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