Os prédios me olham com seu olhar sinistro, corro, fujo, não existo ... não desisto do meu intimo, procuro os bruxos no infinito.
Esquisito me sinto, extinto me acho nos plenos atos do existir; extorquir palavras pouco letradas, faces lavadas. Ouço o instinto a me dizer algo, alguma coisa sem sentido, algum mito destemido; fui rei e agora sou bandido, estou banido dos tempos terrestres, dos templos campestres.
Nesta estreita rua não passam dois indivíduos, serão dois e nenhum caminho, nenhum desvio. Meus cílios se colam no enxergar restrito, as veias abertas consomem a matéria, obstruem a artéria, mais inércia. Falo e reflito sobre os gritos aflitos, vultos tranquilos, espíritos.
Sou um insano sem vida criando textos não explícitos, um gigante adormecido, envaidecido. Transformei o fogo em fogo, a água em água, não acrescentei nada, não modifiquei nada. Passam lentas as horas sobre as bordas de minha memória, sobre as orlas da história; queixo-me ao vento pois ele não pode escutar-me, não pode ajudar-me. Destravo as portas da ilusão e sou jogado nas garras lúcidas de várias paixões ... vejo uma procissão carregando falsos ídolos, protegendo fartos pudores, odores de cheiro maldito, fedores bíblicos.
Mais sabe a traça de livro, pois ela devora as palavras, enquanto nós tentamos guarda-las, tranca-las nos porões de nossa mente, espaços do inconsciente; para nós elas de nada valem por não serem usadas, são simplesmente arquivadas.
14.nov.89
quarta-feira, 18 de março de 2009
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